Os Megacristais de Selenite da Serra de Naica
A serra de Naica, no Norte do México, formou-se há cerca de 26 M.a., quando uma bolsa de magma quente se elevou a partir do interior da Terra, até se alojar a cerca de 1140 m de profundidade, dobrando as rochas carbonatadas. Simultaneamente, a serra foi impregnada com fluidos de elevada temperatura ricos em minerais, levando à instalação de filões de sulfuretos de chumbo, de prata e de zinco. Posteriormente, quando os fluidos hidrotermais começaram a arrefecer, instalaram-se filões de quartzo, de calcite e de anidrite. Há cerca de 1 a 2 M.a., forças tectónicas deram origem a fissuras e a fraturas relacionadas com as três principais falhas que ainda hoje controlam a ascensão dos fluidos termais. Estes fluidos, altamente mineralizados, conduziram ao desenvolvimento de grutas. A Figura 1 representa esquematicamente um corte da serra de Naica, estando assinaladas as grutas, os corpos de minérios e as falhas. Durante um período de cerca de 500 mil anos, à medida que a temperatura baixava e ocorria a dissolução lenta da anidrite – mineral semelhante ao gesso, mas desprovido de moléculas de água, ou seja, um sulfato de cálcio anidro –, foram-se formando grandes cristais de selenite, uma variedade de gesso. O desenvolvimento destes cristais no interior das grutas foi possível devido a um mecanismo baseado na diferença de solubilidade entre o gesso e a anidrite a uma temperatura estável de 58 ºC, como está esquematizado na Figura 2. Na serra de Naica, no século XIX, teve início a exploração mineira de uma das mais importantes jazidas mundiais de sulfuretos de chumbo, de zinco e de prata. De modo a permitir os trabalhos de mineração em zonas antes inundadas, tem sido feito o bombeamento de água para a superfície, possibilitando também a exploração agrícola na região.
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